Texto II: Dos pecados da juventude.

Até hoje sou incapaz de retrucar se alguém me diz: "Você pensa demais..." Antes eu abria a boca em protesto ou fazia a minha melhor cara de pessoa ofendida, mas hoje sempre que alguém que diz isso eu concordo, e dependendo do nível de intimidade ainda peço "me ajuda a não pensar tanto? A ficar no aqui e agora?" algumas pessoas se assustam, outras ajudam. Até o dia 29 de maio sou a feliz proprietária de vinte e nove anos de idade, e como eu escrevo desde os meus quinze anos (metade da minha vida está por escrito!), felizmente o conteúdo do meu texto mudou.

Não renego meus primeiros escritos, compreendam, me orgulho de muitos deles, mas orgulho mesmo sinto de através da minha produção textual, ser capaz de dizer "olha aí Celzinha, você tem amadurecido garota! Você não parou na pista" e evoluir é vital, então viva eu! Viva toda porrada que tenho levado, viva todas as vezes que tenho levantado, viva meus erros que tanto me ensinaram!

O título ficou intrigante né? Vamos aprofundar. Mais nova eu sabia exatamente quem eu queria ser e que caminho traçar até me transformar nessa pessoa. Mais nova muitas vezes eu li tudo que era diferente de mim como "errado ou inadequado". É, pobre garota estúpida e mimada que nunca havia cogitado a possibilidade de sair da bolha que vivia (será que eu sabia que vivia numa bolha?). Mas eu cresci quando parei de olhar pra mim e gastar meu tempo engolindo o discurso de uma indústria que dizia como eu deveria ser para ter sucesso e ser feliz e olhei para os outros, não para criticá-los mas para conhecê-los, compreender-los! E foi aí que meu mundo finalmente se abriu, não tão bonito e bem longe de ser perfeito como eu aos quinze sonhava, mas real, táctil e dono de uma beleza que não pedia minha opinião, mas que me obrigou a abrir os olhos e a mente para ver além de mim e do que pra mim era espelho. Meu grande pecado da juventude foi não perceber o mundo diverso em que já habitava.

Mas trago boas novas para aqueles ainda às voltas com seus pecadilhos juvenis: Estes são perdoados, porque acontecem num tempo de ignorância.

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